segunda-feira, 8 de março de 2010

TORAZZI - Filme na Favela de Heliópolis

É final da madrugada em Heliópolis, maior favela da capital paulista. Estampidos de tiros quebram o silêncio da noite. Dos 120 mil habitantes – espalhados por um milhão de metros quadrados – poucos se animam a pôr os pés fora de casa. A resistência dos moradores se justifica. Afinal, quem já viveu sob o pavor do toque de recolher, imposto pelos traficantes, sabe o que acontece com quem desrespeita as ordens do narcotráfico. O dia amanhece sob chuva. Na esquina das ruas 28 de Outubro com 27 de Setembro, a água da enxurrada muda de cor. Um rio de sangue corre pelo asfalto. Aos berros, Alice Torazzi, 60 anos, (pensei que fosse minha prima, mesmo nome e mesma idade), de joelhos e com um corpo agonizando em seus braços, suplica ajuda para o filho. Diante dela, outros quatro mortos a tiros. Pessoas se aglomeram. Um senhor de meia-idade aproxima-se. Alguém grita: “Sai daí.” A ordem parece não incomodar o morador, que se aproxima mais. Ouve-se outro grito, mais enfático. “Tira esse senhor”, adverte outro. “Corta, corta, vamos parar a filmagem”, decreta Valdimir Modesto, 36 anos, diretor cinematográfico da Associação Cultural e Artística de Heliópolis e Sacomã (ACAHS).


A cena, muito comum na periferia do Rio de Janeiro, confundiu o senhor desavisado que atrapalhou a filmagem. Ela faz parte do filme Excluído da sociedade, que começou a ser gravado este mês na favela, que conta a vida de Pilão, um menino que em busca de reconhecimento, poder e dinheiro fácil entra para o mundo do crime. O diferencial do longa é a equipe e o elenco. Todos os participantes são moradores de Heliópolis e trabalham sem receber nada. O filme faz parte da fórmula que o Cine Favela, projeto de inclusão social por meio do cinema, encontrou para frear a proliferação de Pilões. “A idéia é suprir a deficiência que o Estado tem de atingir essa camada da sociedade com diversão, educação e arte”, explica Modesto.

(Eu me assustei quando li, Lembrei da minha prima Dra Alice Torazzi. Ainda bem que era só um filme!)


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por:  Ogair José Toracio



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